Foto: https://www.citador.pt/poemas/a/antonio-reis
ANTÓNIO REIS
( Portugal )
António Reis, que morreu em Lisboa, em 10 de Setembro de 1991, pouco depois de completar os sessenta e seis anos de idade (nascer em Valadares, Vila Nova de Gaia, a 27 de Agosto de 1925[1927]), deixou o seu nome nas últimas décadas ligado sobretudo ao cinema, onde realizou uma obra de grande originalidade que terá os pontos porventura mais altos em Jaime, 1973 [1974], e Trás-os-Montes, 1976.
Antes, porém, de se iniciar no cinema, como assistente de Manoel de Oliveira, em Acto da Primavera, 1963, e autor dos diálogos de Mudar de Vida, de Paulo Rocha, de 1966, já se tornara conhecido como poeta através de dois livros, Poemas Quotidianos, 1957, e Novos Poemas Quotidianos, 1960, reunidos alguns anos depois (1967) com mais alguns inéditos em Poemas Quotidianos, volume antecedido de um estudo de Eduardo Prado Coelho e incluído na que era então no país a mais prestigiosa colecção de poesia, a «Colecção Poetas de Hoje», da Portugália Editora.
Ver biografia completa em: http://antonioreis.blogspot.com/
Obras principais: Poesia: Chamas, (1947); Luz, (1948); Roda de Fogo, (1949); Ronda do Suão, (1949); Poemas do Escritório, (1951); Ode à Amizade, (1952); Poemas Quotidianos, (1957); Novos Poemas Quotidianos, (1960); Poemas Quotidianos, (reunião dos dois livros anteriores, acrescidos de alguns inéditos, 1967).
Poemas quotidianos (1957)
*
como o sol
como a noite
como a vontade de comer
e o sono
como as preocupações
e o amor
e porque não saio à rua
e trabalho
diariamente
*
O teu convite
ainda me sabe a incesto
ainda sinto a furar-me as axilas
e fazer-me ir
e chorar
*
Depois das 7
as montras são mais íntimas
A vergonha de não comprar
não existe
e a tristeza de não ter
é só nossa
E a luz torna mais belo
e mais útil
cada objecto
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